Descalcei-me e percorri uns metros a sentir aquela temperatura morna arenosa debaixo dos pés.
Quando começou a arrefecer, desisti de andar e sentei-me..
Sentei-me lá e observei, tinha vizinhos de todos os lados, pessoas idosas a aproveitar os últimos dias de calor.
Fiquei lá e vi um barco a partir. Vi uma multidão a dispersar. E ainda uma mulher a ver o marido a partir, com o coração nas mãos perante a possibilidade de não haver volta.
Como é óbvio não estive tempo suficiente para ver o reencontro.
Após dois cigarros e algumas páginas do meu livro, levantei-me e subi as escadas.
Olhei para a capela como se nunca antes a tivesse visto, e entrei.
Estava vazia quando cheguei.
Cheirava a flores.
Fiquei lá encostada num canto a olhar, pensei à quanto tempo não entrava ali.
À quanto tempo, não entrava em qualquer outra igreja.
E deixei-me ficar por lá..
Não rezei, só observei.
Não faço ideia quanto tempo lá estive dentro, apenas a contemplar as imagens enquanto pensamentos corriam livremente pela minha cabeça.. sei que quando saí me recordei da minha decisão de ontem..
De começar num livro em branco... De recomeçar do zero como se não tivesse passado.. E..
enquanto estou sentada no muro a ver o mar recordo:
As pessoas mudam??
Epá as pessoas mudarem ,
é tipo molho prá comida:
o que quer que seja que ponhas lá,
o sabor mais forte, será sempre perceptível...
Epá as pessoas mudarem ,
é tipo molho prá comida:
o que quer que seja que ponhas lá,
o sabor mais forte, será sempre perceptível...
por um grande amigo..
dito à largos anos..
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