quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

tempo..


Já há algum (muito) tempo que resisto à tentação de colocar todos os meus pensamentos na pontinha dos dedos enquanto estes tocam num teclado.

Já há algum (muito também) tempo que resisto à tentação de pensar, e divagar, e afins.
Dizer tudo o que me passa pela mente sem me dar ao trabalho de ponderar se deve ser dito ou escrito.

Já há algum (muito tempo) que não procuro Neverland.

Já há algum (muito tempo) que não pego num livro e só o volto a largar depois de o ler todo.

Já há algum (muito tempo) que não tenho saudades tuas.
De estar contigo. De te querer comigo.
E isto, ao contrário de todas as outras, não é um arrependimento, e muito menos uma queixa.
É o constatar da realidade.
Passei tanto tempo a ter saudades tuas, que agora até estranho o facto de não as ter.
Passamos tanto tempo juntos, que agora até estranho não sentir a falta disso, e recordar tão poucas coisas.
São tão poucas as imagens que me veem à mente quando por algum motivo me recordo que um dia existiu um nós.
É o constatar que estás no passado.
Enfim, como diria alguém, as coisas são como tiverem que ser.

E parando por um bocadinho com as divagações para retormar a elas daqui a algumas linhas, porque agora ainda é cedo.
Hoje, vou fazer (quase) tudo isso que há algum tempo já não faço.

Hoje, vou por todos os pensamentos nas pontinhas dos dedos, naquele sitio engraçado que tem impressões digitais e que tocam as teclas e as tornam numa letra do abecedário no ecrã.
E assim que parar de pensar, interrogar, e afins, vou arrumar a cama e deitar-me a ler até já não conseguir mais.. até ter tanto sono que não consigo ter os olhos abertos.
Até aquele exacto momento em que quero continuar a ler, mas os meus olhos não querem o mesmo e cismam em fechar.
Até adormecer com o livro aberto no meu colo :)
Até acordar com o som do livro a cair no chão.
Até..


Olho para dentro de mim, e pergunto-me onde quero chegar com isto, mas eu não sei.
Nem tão pouco sei se é suposto saber.
Sorrio :)
Estou feliz, não perguntem porque, porque eu não vos sei responder.
Mas tenho um sorriso que não me abandona :)

Olho em volta, vejo mil e um pedacinhos de memórias..
É como um universo, cheio de estrelas, em que cada estrela é uma memória.
E cada memória me deixa com um sorrisinho nostálgico a recordar.

A Sara chegou ao msn, aparvalhamos um cadinho, como sempre, porque ah e tal é giro :)
Tenho saudades de estar com ela.
Das noites de minis e risadas intermináveis a aparvalhar :x ai ai ..

:)

Musicas antigas.. velhinhas.. que despertam toda e qualquer nostalgia existente em mim.
Que me fazem pensar, e recordar. Que me afastam das teias de se's que me envolvem a mente.
Musicas que me transportam para tempos antigos.
Com elas faço inumeras viagens sem me mexer do mesmo sitio.
Com elas relembro inumeras coisas sem ter que pensar muito.
Momentos, situações, pessoas, amizades, gargalhadas.

O destino e o tempo uniram-se e criaram a ironia.
O destino dá-nos momentos inesqueciveis.
O tempo não nos permite vive-los eternamente.
Mas eis que algo surge para combater tudo isto, pedacinhos de memória que de tempos a tempos se mostram presentes, apenas para nos lembrar que em uma certa e determinada altura, o destino nos deixou sentir completos, felizes, satisfeitos.

Sim, satisfeitos. Porque eu acho que o problema do mundo é a insatisfação.
Nunca nos chega. Nunca nada é suficiente.

Por exemplo: Temos alguma atenção, no inicio é do melhor, é tudo o que podiamos querer..
Passado algum tempo, já não é tão bom assim, já queremos mais..
Exigimos mais..
E isto vai ser sempre assim, até que a pessoa a quem exigimos sempre mais atenção se cansa.
Talvez, muito simplesmente não compreenda, porque somos diferentes e nem todos temos as mesmas necessidades.
E aí.. depois de se cansar.. passamos do que achavamos que era insuficiente, para o nada.
E nem assim aprendemos, mais cedo ou mais tarde, vamos cometer o mesmo erro outra vez.


E enfim, somos burros porque queremos, estamos sozinhos porque possivelmente não soubemos aproveitar o que tinhamos, que apesar de para nós saber a pouco, era muito.. Nós é que não o soubemos valorizar bem.


Volta e meia penso neste tipo de coisas, quando olho há minha volta e vejo as pessoas a terem algo que eu dava o mundo (metaforicamente falando) para ter, e elas queixam-se que não é suficiente, que é pouco. Que não chega, que querem mais.
Não é uma critica, também sou assim.

Também me troco toda e acho que o muito é pouco.
Também sou insaciável e insatisfeita e quero sempre mais.

Às vezes, em vezes de serem as pessoas a cansarem-se de dar, também acontece que nós nos cansamos de não receber.

Até pode não ser esse o caso, mas sentimo-nos desprezados/ignorados/inexistentes.
Apenas porque queriamos algo tão simples, pequeno, e gratuito como um pouco de atenção.

Se pensarmos nisso, damos conta que é engraçado.
A atenção, o carinho, a amizade, é algo tão simples de dar, e é algo que tantos se recusam a dar ou partilhar connosco.
É nestas alturas que ficamos irreversivelmente tristes por longos bocados.
É nestas alturas que começamos com perguntas que surgem sabe-se lá bem de onde (talvez de gavetas escondidas ao pé do dedo mindinho de um dos nossos pés, ou dos dois.. quem sabe), e começamos a imaginar, e a fazer filmes, e a ficar cada vez pior.

E no fim, se chegarmos a ter oportunidade de saber, descobrimos que a explicação era algo tão simples, que nada daquilo valeu a pena, nem a tristeza, nem a duvida, nem as perguntas que colocamos a nós próprios com uma restia de esperança que alguém nos leia os pensamentos, ou adivinhe e nos diga o que queremos ouvir, ou nos dê o que queremos receber..

O pior é que no fim, possivelmente, o mal já está feito, coisas que não se sentiam já foram ditas com o unico proposito de magoar.
No fim, já estamos a cair do percepicio.
No fim, já saltamos, e já só nos resta ter esperança, que no fundo do percipicio, alguém esteja lá para nos amparar a queda. Para que não nos seja infligida ainda mais dor do que aquela que nós já infligimos a nós mesmos.

No fim, já não vale a pena.



Dizem que a esperança é a ultima a morrer.
E nos casos que não existe esperança? A dita cuja morreu à nascença?
Ou foi uma espécie de aborto e nunca chegou a nascer?
Cá para mim, qualquer dia também inventam o dia da esperança..
E fazem algo tipo o St Patricks day, que a malta anda toda vestida de verde..
E assim há mais pessoas a ganhar dinheiro com mais um feriado inutil -.-

Bem.. como já comecei a divagar para outros campos, que não este blog.
E já estou satisfeita comigo mesma e com tudo o que escrevi :)
Vou parar por aqui.

E vou papar qualquer coisa.
Arrumar a cama.
E ler.. ler como se não houvesse amanhã.
Deixar as palavras formarem frases, as frases formarem imagens, e eu abandonar o meu corpo para ir viver a história como se dela fizesse parte.

1 comentário:

Unknown disse...

Gostei imenso... estavas inspiradíssima... Até pus a partilhar no reader po pessoal. :)

É verdade que o ser humano é insatisfeito, mas isso é próprio da condição humana, querer sempre mais, caso contrário o mundo estagnaria e seria sempre o mesmo. Há que encarar as mudanças, por vezes,como positivas. O facto de algo mudar não significa que seja necessariamente pior. Acho simplesmente que o segredo para vivermos esta vida ao máximo é precisamente querer sempre mais, com a humildade e gratidão de darmos valor ao que já conquistamos e não o darmos como garantido. É sonhar, sonhar cada vez mais e mais alto para que um dia, mesmo que não tenha corrido bem, possamos dizer "Eu tentei! Lutei! E só por isso já valeu a pena".

Contudo há uma coisa na mentalidade portuguesa que me intriga... Porque é que para nós, tudo o que está no passado é sempre melhor do que realmente foi? Isto intriga-me sobretudo por saber que eu próprio sou assim...

Enfim. Bom post, está-te a fazer bem ler muito. Estás a escrever cada vez melhor!

Keep it up =)