domingo, 7 de setembro de 2008

Ignorância geral - Intro


"As pessoas por vezes acusam-me de saber muito. "Stephen", dizem-me, em tom acusador, "tu sabes muito." Isto é um pouco como dizer a uma pessoa que tem aguns grãos de areia agarrados a si que ela possui muita areia. Quando se tem em conta a enorme quantidade de areia que há no mundo, essa pessoa não tem, para todos os efeitos, areia nenhuma. Nenhum de nós tem areia. Somos todos ignorantes. Há praias e desertos e dunas de conhecimento de cuja existência nunca suspeitámos, e muito menos visitámos. É com aqueles que pensam que sabem tudo o que há para saber que temos de nos preocupar. "Tudo é explicado neste texto - não precisa saber mais nada", dizem-nos. Há milhares de anos que aturamos este tipo de coisa. Os que ousaram dizer, "Esperem, talvez não sejamos conhecedores de tudo..." foram envenenados, ou ficaram sem olhos e sem tripas.

Talvez hoje em dia o risco de pensarmos que sabemos tudo seja maior do que nos tempos obscuros da superstição religiosa (se é que, de facto, esses tempos já acabaram).

Hoje temos todo o armazém do conhecimento humano à distância de um clique do rato, o que é muito fino e elegante, mas que se arrisca a tornar-se apenas mais um texto sagrado. Do que nós precisamos é de uma caixa-forte e não do conhecimento, mas da ignorância. Algo que ilumine, não os factos já vistosos, mas sim os recantos escuros e enevoados da ignorância. (...)"



Abre-se assim a rubrica Ignorância Geral :)

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